A Universidade de Brasília (UnB) foi criada por meio da Lei No 3.998, de 15/12/1961. A defesa de sua criação foi feita por Darcy Ribeiro à época evocando a inevitabilidade da criação de estabelecimentos de ensino superior na nova capital e a necessidade de prover a população de Brasília de uma perspectiva cultural e intelectual. No entanto, não escondia as fortes críticas ao modelo universitário brasileiro e a possibilidade de superação dos erros e limitações desse modelo a partir da criação de uma nova e moderna universidade. Nos escritos iniciais e nos que fez nas décadas seguintes à inauguração da UnB, Darcy Ribeiro reforçava a ideia de superação do modelo de formação técnica por uma formação cidadã, de transformação da realidade, ainda que não usasse essas expressões. Como o próprio Darcy escreveu: “Nossa meta era, portanto, criar aquela Universidade que, em lugar de apenas refletir o atraso cultural e a desigualdade social antecipasse, no que fosse possível, a sociedade avançada e solidária que havemos de ser amanhã (Ribeiro, 1978).

Quase 50 anos depois, a UnB iniciou um processo de expansão com a construção de três novos campi no Distrito Federal, a se iniciar pelo campus de Planaltina, a Faculdade UnB Planaltina (FUP), inaugurado em 16 de maio de 2006. Os demais campi se localizam nas cidades de Ceilândia (Faculdade UnB Ceilândia – FCE), e Gama (Faculdade UnB Gama – FGA).

Planaltina é uma região administrativa do Distrito Federal situada 40 km à nordeste de Brasília, existente desde 1859, que tem uma população de 230 mil habitantes, com forte vocação para a atividade rural e rica tradição cultural. No seu processo de consolidação a FUP tem buscado, ao longo dos anos, o fortalecimento das relações com diversos atores sociais das regiões de impacto do campus tais como administrações regionais, instituições de ensino e pesquisa, e movimentos sociais. O Projeto Político Pedagógico Institucional sintetiza os princípios e missões que orientam a vida e o desenvolvimento do campus.

O processo de instalação desse campus é discutido em detalhes por Bizerril e Le Guerrouê (2012). A FUP apresenta uma organização matricial, onde todos os professores (atualmente 116) e servidores técnico-administrativos (atualmente 52) são vinculados à faculdade, não havendo departamentos. Os professores estão distribuídos em cinco áreas de conhecimento (Ciências Exatas, Ciências da Vida e da Terra, Educação e Linguagens, Ciências Sociais e Humanas, Ciências Sociais Aplicadas e Tecnologia), cada uma expressa por um fórum, e podem atuar livremente em mais de um curso de graduação oferecido pela unidade.

São cinco os cursos de graduação oferecidos pela unidade, todos de caráter interdisciplinar: Licenciatura em Ciências Naturais (diurno), Licenciatura em Ciências Naturais (noturno), Licenciatura em Educação do Campo, Bacharelado em Gestão Ambiental e Bacharelado em Gestão do Agronegócio. Os cursos atendem a 1150 estudantes de graduação.

Cursos e Áreas de conhecimento são organizados em fóruns, onde os diversos assuntos são tratados de forma a subsidiar as decisões tomadas no Conselho da FUP e no Colegiado de Graduação que dispõem de representações de todos os referidos fóruns, além de cadeiras para conselheiros estudantes e servidores técnico-administrativos.

São seis os programas de pós-graduação em funcionamento: Ciência de Materiais (PPGCIMA), Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural (PPGMADER), Ciências Ambientais (PPGCA), Gestão Pública (PPGGP), Gestão e Regulação de Recursos Hídricos (ProfÁgua) e Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais (PPGMESPT).

O campus conta com diversas coordenações e assessorias com destaque para as de pesquisa, extensão, comunicação e sustentabilidade, além de um Conselho Comunitário, previsto no seu Regimento Interno.

As temáticas relativas à ciência, ao meio ambiente, ao trabalho, à organização sociocultural e terra, são, portanto, os eixos articuladores e agregadores do trabalho acadêmico da FUP, cuja Missão, em síntese, envolve “a formação em perspectiva emancipatória, a interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, o dialogo com a sociedade, o incentivo ao trabalho coletivo e a sustentabilidade.”

 

 

Veja mais informações sobre a História da FUP e da UnB em:

Bizerril, M. X. A. A estrutura acadêmica do campus da Universidade de Brasília em Planaltina-DF e seu potencial para a promoção do trabalho interdisciplinar. In Atas da 3a Conferência da FORGES – Política e gestão da Educação Superior nos países e regiões de língua portuguesa. Lisboa: Universidade de Lisboa, 2013. p. 1-11.

Bizerril, M. X. A.; Le Guerroué, J. L. FUP: a construção coletiva de um campus interdisciplinar. In: R. C. F. Saraiva e J. D. A. S. Diniz (Org.), Universidade de Brasília: trajetória da expansão nos 50 anos. 1a ed. Brasília: Decanato de Extensão, 2012, p. 23-30.

Bizerril, M.X.A. Gestão participativa em uma equipe em formação: o caso do campus de Planaltina da Universidade de Brasília. In: Mano, M. (org.) Roteiro do Plane(j)amento Estratégico. Coimbra: Universidade de Coimbra. 2015, p. 488-493,

Fundação Universidade de Brasília. Lauro Morhy (org.). Plano de Expansão da Universidade de Brasília: Campus UnB-Planaltina, Campus UnB-Ceilândia/Taguatinga, Campus UnB-Gama. Brasília, 2005, 78p.

MIRANDA FILHO, R. J.; BIZERRIL, M. X. A. (2019). Universidade e território: o caso do campus da Universidade de Brasília em Planaltina. In: 9a Conferência FORGES, 2019, Brasília. Atas da 9a Conferência FORGES. Brasília: Editora IFB, 2019

Moura, M.A.; Imbroisi, D.; Laranjeira, N.P.F.; Brito, D.M. Reestruturação e expansão da UnB: histórico e reflexões. In: Saraiva, R.C.F. & Diniz, J.D.A.S. (Org.). Universidade de Brasília: trajetória da expansão nos 50 anos. 1a ed. Brasília: Decanato de Extensão, 2012, p. 13-21.