16 ago

Dr. Jorge Arturo comenta sua experiência com conflitos ambientais na Costa Rica em palestra especial do PPGCA na FUP

Convidado pela coordenação do Programa de Mestrado e Doutorado em Ciências Ambientais (PPGCA), o Prof. Dr. Jorge Arturo Lobo Segura, do Departamento de Biologia da Universidad de Costa Rica, apresentou a palestra especial intitulada ‘’Gestão de Conflitos Ambientais em Comunidades dentro de áreas protegidas: experiências na Costa Rica, um país ”ecológico”. O evento foi realizado na última terça-feira (15), no Auditório Augusto Boal, e reuniu alunos e docentes da Faculdade UNB Planaltina (FUP).

Jorge Arturo possui mestrado (1986) e doutorado (1990) em Genética pela Universidade de São Paulo (1986), em Ribeirão Preto (USP-RP). Atualmente é professor catedrático da Universidad de Costa Rica.

A palestra teve início com uma breve contextualização sobre a Costa Rica, país considerado referência mundial por seus estudos em biodiversidade e conservação de áreas protegidas. Com 30 anos de experiência em gestão de conflitos ambientais, Jorge Arturo, dedicou sua vida acadêmica aos estudos em Biologia e Ciências Sociais. ‘’Eu comecei a trabalhar em um lugar com uma biodiversidade maravilhosa, mas ao mesmo tempo com muitos conflitos humanos, potenciais e reais. Comecei a dedicar parte do meu tempo como biólogo trabalhando nas Ciências Sociais, visando entender a complexidade das relações entre as pessoas de regiões rurais, pobres e unidades de conservação’’.

Com 4 milhões de habitantes distribuídos em 50.900 km², a Costa Rica é vendida como ‘’o país do turismo ecológico’’. ‘’Somos um país de 4 milhões de habitantes e recebemos por ano 1,5 milhão de turistas, quase todos dos Estados Unidos e 30% da Europa’’, afirmou Jorge. A quantidade de praias e parques nacionais são fatores decisivos para o crescente número de visitantes no país.

A Costa Rica destaca-se pela imensa diversidade de plantas e animais devido a situação geográfica do país, que propícia o alto potencial de mistura entre as espécies. ‘’Plantas e animais que se originaram na América do Norte, a região neártica, encontram-se com plantas e animais da Costa Rica, originados na América do Sul, o que gera uma situação especial nessa região’’, enfatizou Jorge.

Dentre as diversas atrações do país, os vulcões ganham destaque. Ao todo são 17 vulcões (ativos e inativos) localizados no cinturão de fogo do pacífico. A presença dos vulcões confere características especiais para os solos da região. De acordo com o professor, ‘’ os solos tornam-se mais férteis. São solos de 8 mil anos que recebem chuvas de cinzas vulcânicas e acabam sendo fertilizados naturalmente’’.

Outro ponto relevante é a regeneração da cobertura florestal do país, composta por regiões de matas primárias e secundárias, totalizando 50% de área verde nas regiões de serra antes desmatadas pelas atividades agropecuárias. ‘’No passado esta cobertura foi menor, o processo de regeneração atual tem a ver com a política de área de conservação’’, ressaltou o pesquisador.

Em torno de 33% do território de Costa Rica é representado por áreas de proteção, sendo os parques nacionais e áreas de preservação marinhas predominantes. As serras, locais mais preservados pelas autoridades do estado, possuem o maior parque de mata seca da América do Norte e Central.

Jorge Arturo deu ênfase para sua atuação na parte sul da Costa Rica, uma das zonas mais conflituosas e importantes do país. Os conflitos ocorrem ao redor das áreas protegidas com a população adjacente. Segundo o pesquisador, ‘’existe uma iniciativa do estado para conciliar as ocupações das pessoas perto das áreas protegidas. É importante que elas compreendam que as áreas de proteção significam desenvolvimento econômico e social, não empecilho’’. O sistema de áreas protegidas é a fonte de renda mais importante para Costa Rica. ‘’O turismo ecológico torna-se mais rentável do que qualquer produto de exportação’’, afirmou Jorge.

Foto: Isadora Soares – Secom/FUP

 

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