11 out

Na tarde da última terça-feira (10), no Auditório da Unidade de Ensino e Pesquisa (UEP), aconteceu mais uma edição do encontro ‘’Conversas Pedagógicas’’, com a mediação dos docentes: Viviane Falcomer, do curso de Ciências Naturais, Clarice Santos, do curso de Licenciatura em Educação do Campo, e Nathan Carvalho, dos cursos de Ciências Naturais e Licenciatura em Educação do Campo.

Com novo formato de apresentação, o encontro abordou temas inerentes à prática de estágios supervisionados nos cursos de Ciências Naturais e Licenciatura em Educação do Campo. Foram levantadas as dificuldades, desafios e alternativas enfrentadas pelos docentes e estudantes dos cursos de graduação.

Os estágios supervisionados do curso de Ciências Naturais totalizam 400 horas divididas em 4 disciplinas: estágio1, 2, 3 e 4. Os estágios são distribuídos no curso diurno a partir do 6°, 7°, 8° e 9° semestre, e no curso noturno a partir do 5°, 6°, 7° e 8°. Todos os estágios são voltados para o ensino de ciências nas escolas de ensino fundamental.

De acordo com Viviane, as horas de prática estão distribuídas dentro das demais disciplinas do curso, não somente nos estágios. Segundo a docente, esta questão é um desafio para o curso e está em discussão. ‘’No curso de Ciências Naturais as práticas pedagógicas estão inseridas junto com as disciplinas específicas desde o primeiro ao ultimo semestre. Mas, nas disciplinas de estágio, são os professores da área de ensino de ciências que ministram o conteúdo’’, ressalta. Para Viviane, faz-se necessário a união de docentes em pedagogia e de áreas específicas para trabalharem em conjunto.

Outra dificuldade apontada pelos docentes consiste na relação dos discentes com os professores das escolas de ensino fundamental. Delano Silva, professor do curso de Ciências Naturais, enfatiza a importância da participação do professor no processo formativo dos discentes durante o estágio. ‘’Aqui em Planaltina a maior resistência não vem das escolas, mas dos professores quanto ao trabalho do aluno. Mesmo a FUP tendo convênio com as escolas do DF, os estudantes enfrentam resistência por parte dos professores. Todo processo de estágio tem problemas em relação ao professor. O professor que recebe o estagiário, muitas vezes recebe por obrigação. Essa é uma enorme dificuldade. Nós avançamos pouco em relação a isso’’, afirma o docente.

No curso de Licenciatura em Educação do Campo, as horas são divididas em 4 estágios com 50 horas cada. O planejamento de atuação dos graduandos durante os estágios acontecem por meio das disciplinas de práticas pedagógicas. As disciplinas de práticas pedagógicas são iniciadas antes dos estágios, na terceira etapa do curso.

Segundo Clarice, os estudantes da LedoC entram no curso possuindo práticas pedagógicas devido à vivência nas escolas e nas comunidades de origem. A docente relata que, desde a primeira etapa do curso, no período de alternância tempo-comunidade, a primeira tarefa do estudante é o inventário, no qual o estudante deverá pesquisar características geográficas, econômicas e sociais da comunidade na qual atuará. ‘’Para ser um educador do campo, na nossa concepção, tem que ter uma vivência com a comunidade, e tem que ter a prática não somente na escola, mas também na comunidade. Tem que ter algum tipo de referência, somente depois entramos nas práticas pedagógicas. O inventário é o nosso trabalho norteador, é entorno dele que nós vamos desenvolver nossa prática pedagógica na escola, na comunidade, e no estágio. Então, é um processo que começa desde a primeira etapa’’, afirma.

Os desafios, segundo Clarice, são as buscas por estratégias para romper com a resistência das escolas de Goiás em receber os discentes da LedoC. A docente explica a realidade das escolas do estado de Goiás em relação às escolas do DF.  ‘’As escolas de Goiás estão impactadas pela política educacional do governo de Goiás, que é uma política de precarização do trabalho dos professores, contribuindo para a resistência nas escolas em realizar os estágios’’, ressalta.

Os docentes ressaltaram a importância de discutir os limites de todos os cursos de formação da FUP. A prática de interdisciplinaridade para o estágio, a flexibilidade do cronograma nas escolas, a estrutura física adequada para ministrar as aulas, foram alguns dos pontos questionados pelos docentes, que concluíram: ‘’Há um abismo muito grande entre o que pensamos e o mundo real da escola. Isso causa frustação em alguns estudantes’’.

Para Nathan, o grande avanço na LedoC foi a reformulação do projeto político pedagógico e a junção da prática pedagógica com as áreas. ‘’O saber e o como fazer andam juntos na formação do educador. Esse foi um grande avanço: o diálogo das áreas com a prática pedagógica’’, afirma.

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