30 ago

Na tarde da última terça-feira (29), o professor Paulo Petronílio proferiu a temática ‘’Pedagogia das Margens: conversando sobre diferenças na Universidade’’. O seminário reuniu discentes, docentes e a direção no Laboratório de Apoio e Pesquisa em Ensino de Ciências 2 (LAPEC 2).

O professor abordou temas como a normatividade eurocêntrica e o discurso heteronormativo. Segundo Paulo, ‘’foi construído discursivamente e culturalmente que a mulher tem que ser feminina. Portanto, as margens começam a minar e a criar um tipo de dispositivo para pensar o centro – criado pelas normatividades eurocêntricas e heteronormativas – o qual todos  temos que ter como modelo’’, afirma o docente.

Para pensar e problematizar questões vindas de lugares denominados ‘’centro’’, o docente cita filósofos como Friedrich Nietzsche e Michel Foucault. ‘’ Temos filosofias que ajudam a pensar e problematizar esses lugares – centro – e minar esse muro de representação, criadas para que possamos pensar o que estamos fazendo de nós mesmos, nesse lugar, na universidade, e quais tipos de sujeitos estamos criando. As universidades e estabelecimentos de ensino são lugares de poder e saber, mas também são lugares que segregam e disciplinam corpos. Por que muitos gays e travestis não se formam na escola? Porque são os que fogem desse padrão. Padrão que quer colocar esse corpo dentro de uma norma. A escola segrega, vigia e pune. Dita como deve ser o modelo’’.

O docente denomina esses filósofos como ‘’pensadores nômades’’ pois ajudam a pensar as pedagogias marginais. ‘’Esses pensadores que chamamos de pós-estruturalistas ou pós-modernos questionam esse discurso majoritário que segrega e que separa a ponto de dizer aqui é ‘centro’ e aqui é ‘margem’, e por isso nós vivemos essa pedagogia da exclusão’’, enfatizou.

A gramática, segundo Paulo, precisa ser desconstruída, pois é binária, e acaba segregando corpos e sujeitos. O docente cita as feministas Judith Butler e Beatriz Preciado que questionam a linguagem e ressalta sua importância na questão discursiva. ‘’Quando você fala: ‘’é uma menina’’, isso é um ato performativo. Se nós não começarmos a desconstruir esse discurso que foi imposto em nós, iremos continuar produzindo esse discurso de que existe um ‘centro’ e esse ‘centro’ é o primordial, e quem está fora desse ‘centro’ vai ser sempre marginalizado. Então, passamos a pensar essa pedagogia das margens’’, diz.

Segundo Paulo, a pedagogia das margens é criativa e possibilita a visibilidade de grupos marginalizados. ‘’Propor uma pedagogia da margem significa hoje, nós optarmos contra essa representação binária, e, ao mesmo tempo, propor desconstruir esse discurso e essas metanarrativas educacionais que tentam dar conta de um mundo de forma universal e tira de nós a potencia da subjetividade. O que faz do sujeito um sujeito é essa dupla potencia que é a crença e a invenção, se você não acredita e se você não inventa, não é um sujeito’’, afirma.

Foto: Reprodução/Cynthia Bisinoto

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